Após um ano de pandemia, rede de divulgadores científicos dobra no Twitter BR

19 de maio de 2021

por Fabio Malini


Em 12 meses, as menções semanais sobre a pandemia no Twitter continuam em elevada frequência no Brasil. Ao compararmos os dias 21 a 28 de março de 2020 (quando o país se encontrava em pânico com as informações sobre a covid) e os dias 14 a 21 de março de 2021 (quando o Brasil apresentava recordes de mortes por covid), identificamos o dobro de influenciadores que se autodeclararam divulgadores científicos e tuitavam usando os termos, tais como, covid, coronavírus, vacina, pandemia, covid-19, quarentena, isolamento e lockdown. 

No primeiro período, detectamos 50 influenciadores. No segundo,108. Para se chegar a esses números, analisamos, respectivamente, os 7.577.699 e 7.313.719 tuítes correspondentes aos dois períodos de tempo selecionados. A partir das informações contidas no metadado user_description (oferecido pela API do Twitter para identificar o a descrição textual da bio do perfil), filtramos todas as postagens publicadas por usuários quem contêm, em suas bios, as seguintes expressões: ‘divulgador científico’, ‘divulgação cientifica’, ‘divulgadora científica’, ‘comunicador científico’, ‘comunicadora científica’, ‘jornalista científico’, ‘jornalismo científico’ e ‘infovid’. 

Do dia 23 a 28 de março de 2020, foram identificados 50 perfis que se declararam como divulgadores da ciência atuando no Twitter brasileiro.  Juntos, publicaram 356 postagens naquela semana, obtendo 21.415.105 impressões nas telas dos seus seguidores, graças aos 621.025 compartilhamentos e às 109.105 curtidas (ambas atividades de suas audiências que fazem as publicações viralizarem pela plataforma).

Do dia 14 a 21 de março de 2021, foram identificados 108  perfis que se declaram como divulgadores de ciência atuando no Twitter brasileiro.  Juntos publicaram 1794 postagens naquela semana, obtendo 23.457.712 impressões nas telas dos seus seguidores na plataforma, graças a 2.357.528 compartilhamentos gerados e 662.105 curtidas (ambas atividades de suas audiências que fazem as publicações viralizarem pela plataforma).

Em 2020, o influenciador de maior destaque daquela semana foi Átila Iamarino, que, com 8 tuítes, gerou 98.036 curtidas e 12.128 republicações. Ele também acumulou a publicação de maior viralização, a saber:

Em 2009 fui na banca do @rodaviva fazendo perguntas pro Secretário de Saúde Luiz Barata pq escrevia meu blog e o da Bireme/OPAS/OMS sobre H1N1. Dia 30/03 estarei no centro respondendo sobre coronavírus. Será um orgulho participar novamente. https://t.co/8CYtXDlkqC

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Com a ampliação da rede de divulgadores científicos no Twitter, em 2021, na semana analisada, quem liderou as menções foi o influenciador Thomas Conti (que não estava listado nem entre os top 25 de 2020). Ao publicar 18 tuítes sobre a pandemia, obteve 36.644 retuítes e 166.919 likes. É dele também a publicação mais popular entre os divulgadores científicos:

O primeiro óbito confirmado de Covid no Brasil ocorreu em 17 de março de 2020. Hoje, quase exatos 1 ano depois, a Covid já matou mais brasileiros que… a AIDS.  Óbitos por AIDS, 1982-2019: 281.156 em 37 anos  Óbitos por COVID, 2020-2021: 281.626 em 01 ano  Nunca foi uma gripe.

Se o Brasil de Bolsonaro viu operar uma rede negacionista resultante de influenciadores que se formaram ao redor do governismo chapa branca, também viu disparar a ampliação das audiências das redes da verdade construídas de Átilas, Thomas, Mellanies e Natalias, um arranjo novo e também com grande potencial, não apenas informativo,  mas principalmente político.

 

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