Tragédia no RS: comentário preconceituoso de influencer, fake news de Regina Duarte e caminhão de doações apreendido com drogas movimentam a conversação no Twitter/X

20 de maio de 2024

por Laura Valentim


Figura  01 –  Grafo de de grupos de palavras sobre a emergência climática no RS a partir de 5.600 posts publicados no X (ex-Twitter)

O 10° Diagnóstico Diário de Detecção de Narrativas Climáticas no Twitter/X registrou os comentários feitos na plataforma no último fim de semana, entre os dias 17, 18 e 19 de março. Em destaque, a fala da influencer bolsonarista Michele Dias sobre terreiros no RS gerou repercussão negativa e o caminhão de doações apreendido portando drogas ilícitas foram uns dos assuntos mais comentados.

Empregando os termos ‘Rio Grande do Sul’ e ‘RS’ para obtermos a amostra a partir do auxílio do software Ford-Labic, a coleta dos três dias resultou em 5.600 tweets, 2.071.317 curtidas e 452.456 retweets ao final da raspagem dos comentários coletados. Finalizada a coleta, os métodos de clusterização foram aplicados para identificarmos quais foram as narrativas mais discutidas no dia.

Foram observados nove grupos distintos que reuniram um panorama léxico sobre as narrativas climáticas: o primeiro grupo retorna a discussão sobre a calamidade climática no RS e culpabiliza as ações do governo estadual; o segundo, uma narrativa com teor informativo se estabelece; já o terceiro grupo ilustra a situação do caminhão com drogas apreendido no RS; o quarto nos mostra uma narrativa de radicalização política que evidencia atores sociais com o Eduardo Leite (PSDB) e Paulo Pimenta (PT); no quinto grupo, um léxico voltado para ajuda e doações domina a conversação; sobre o sexto, a narrativa torna-se mais esperançosa em relação às águas baixarem; no entanto, no sétimo grupo lexical um apelo de salvação às vítimas ressurge no diagnóstico; o oitavo traz a discussão sobre a possível falta de arroz; e, por fim, o nono grupo diz sobre o compartilhamento de diversas notícias falsas.

Para melhor visualização das conversações específicas em cada cluster, foi realizado o processo de reclusterização, ou seja, segmentação dos grupos em sub narrativas. Confira abaixo as análises dos nove maiores clusters do grafo de termos.

Grafo 01 Figura 01 

No grafo 01 podemos observar um conjunto de narrativas sobre calamidade após as enchentes no Rio Grande do Sul. Os termos “RS” e “tragedia” ganham destaque e se conectam com os diversos subtópicos do cluster, tanto a questão das ações governamentais para reconstruir o estado quanto às críticas de certos atores sobre os rumos tomados pelo governador do estado, Eduardo Leite (PSDB). Os pares vocabulares ‘rs-tragedia’, ‘rs-reconstruir’ e ‘rs-situacao’ abordam a questão da vida das vítimas atingidas: “SE VC É VÍTIMA DA ENCHENTE DO RS E GOSTARIA DE SER ‘ADOTADO’ POR UMA FAMÍLIA OU INDIVÍDUO, ESCREVA ABAIXO O SEU NOME, SE VC É SOZINHO/A OU ESTÁ COM A FAMÍLIA. A intenção é que vc seja auxiliado a recomeçar a reconstruir sua vida sem depender do Estado. SE ESTIVER COM A FAMÍLIA, DIGA QUANTOS SÃO E COLOQUE A IDADE DOS FILHOS.

Um exemplo que ganhou destaque no fim de semana, representado pelos termos “dias” e “ministerio”, foi a denúncia feita pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) sobre a fala da influencer bolsonarista Michele Dias. No caso, Dias disse que as chuvas no RS estariam ligadas a “ira divina” por conta da quantidade de terreiros de umbanda no estado, e repercutiu negativamente: “Ministério Público ACABA de DENUNCIAR a influencer Bolsonarista Michele Dias Abreu após associar a tragédia no RS à “macumba”. Intolerância religiosa é CRIME e essa aí vai PAGAR por isso”, escreveu o neto de Dilma Rousseff, Pedro Rousseff. Destacamos também os comentários referentes à homenagem feito pelo empresário Luciano Hang aos pilotos que ajudaram nos resgates: “Parabéns Luciano Hang e toda a sua equipe! o RS reconhece que vcs fizeram mais do que o desgoverno”. 

Grafo 02 Figura 01 

O cluster 02 apresenta uma narrativa informativa e polarizada acerca dos últimos eventos do final de semana no Rio Grande do Sul. Observamos que termos relevantes no cluster são “rio”, “enchente”, “ajudar”, “brasil”, “federal”, “vitimas” e “animais”. Os posts repercutidos dentro do cluster são em parte polarizados ora mencionando o governo federal e cobrando por medidas cada vez mais efetivas às vítimas, Canais oficiais do governo estão superestimando o esforço federal no socorro ao Rio Grande do Sul, mostra uma análise feita pela BBC News Brasil e confirmada por especialistas em contas públicas. Na avaliação de economistas entrevistados, a comunicação da gestão Lula está inflando os valores em dezenas de bilhões de reais ao considerar que linhas de crédito anunciadas, operadas por bancos públicos e privados, seriam “investimentos do governo federal” ou “recursos destinados” ao Estado”, ora parabenizando o governo pelos auxílios e investimentos, Bom dia. É esse tipo de mensagem que precisa circular. O governo federal não mede esforços para ajudar o povo gaúcho e o Rio Grande do Sul a enfrentar e se recuperar da triste tragédia q vem sofrendo. Um bom sábado de esperança pra todo mundo. Valeu, presidente Lula!

Ademais, notamos a presença de grupos de direita politizando outro polo, em especial uma porção bolsonarista que aparece desprezando o auxílio do governo federal além de mostrar a participação de integrantes da família bolsonaro, “Obrigada por ajudar o Rio Grande do Sul Eduardo Bolsonaro”. Destacamos que o veículo de mídia Jovem Pan News ganhou relevância no cluster devido a presença e a menção constante do “PanFlix”, plataforma de streaming da Jovem Pan.“Sem o trabalho voluntário, teria sido um desastre muito maior”, relata Fabrizio Scorza, morador de Porto Alegre e voluntário no Rio Grande do Sul, ao vivo no programa #OsPingosNosIs. Confira na JP News e Panflix https://bit.ly/3OLqogg. Acentuamos que léxicos como “juntos”, “ajudando”, “solidariedade” e “importante” destacam a participação coletiva e comunitária caracterizando o cluster com a reunião de usuários e veículos de mídia que estão retratando o momento e fomentando a mobilização social.

Grafo 03 Figura 01 

Nossa análise identificou que no grafo 3 os pares “doações-caminhão”, “doações-cocaína”, “doações-polícia” refletiram uma narrativa sobre caminhão de cocaína, gerado por uma intensa recorrência de tweets e retweets relacionadas a mais de 50 kg de cocaína e crack encontrados em uma carreta que passava por Santa Catarina transportando doações para o Rio Grande do Sul. Em sua maioria as menções apresentam tom noticioso sem profundidade. As menções que fugiam ao tom mais notícias usaram a notícia para apontar críticas ao campo político ligado ao ex-presidente Bolsonaro.

Alguns exemplos de menções relacionadas a este tema.

Polícia encontra 51 kg de cocaína e crack em carreta com doações ao RS SOS De acordo com as autoridades, o veículo tinha uma credencial de ajuda humanitária expedida pela Defesa Civil e um adesivo com os dizeres SOS Rio Grande do Sul”;

Lembram dos bolsonaristas que queriam FISCALIZAÇÃO ZERO nas estradas para caminhões carregados com donativos? Então… A PRF apreendeu 50 kg de cocaína em caminhão que transportava doações para o Rio Grande do Sul.Prejuízo de mais de 5 milhões de reais ao tráfico”.

Outra recorrência de pares que podemos identificar em relação ao vocábulo “doações” é “donativos-avião”, “donativos-aérea” gerados a partir de menções sobre doações feitas pelos Emirados Árabes. As menções a este tema se deu em maior intensidade por canais oficiais e atores ligados ao campo político de apoio ao governo federal, como nos exemplos a seguir: “SOS RS | Primeiro avião  com doações  de Portugal ao RS chega nessa sexta (17). 620 mil famílias  recebem Bolsa Família adiantado para esta sexta (17). E mais: confira as mais recentes ações do governo federal para o Rio Grande do Sul”; ‘Presidente LULA ligou, acertou CHEGOU!O 1º avião dos Emirados Árabes com 64 toneladas de doações para o Rio Grande do Sul chegou. Ao todo serão três aviões. VALEU PRESIDENTE! O povo gaúcho será eternamente grato. FAZ O L BRASIL! FAZ O L RS!

Em menor intensidade, pode-se identificar a recorrência dos vocábulos “toneladas” e “desabrigados” em uma continuidade de narrativas sobre a ajuda aos afetados pela tragédia no Rio Grande do Sul. 

Grafo 04 Figura 01 

O grafo 04 retrata o cenário político disposto sobre a tragédia climática no RS, resumindo-se em uma narrativa de radicalização política. Destacamos três termos que tiveram mais evidência: “pimenta”, “leite” e “lula”, referente aos três políticos envolvidos com a reconstrução do estado; 1) o Ministro da Reconstrução do RS, Paulo Pimenta (PT), foi citado na conversação após sua indicação ao cargo: “Pimenta na tragédia dos outros é refresco !Nada poderia ser mais prejudicial para o RS, como essa politicalha feita por Lula, o insensível, colocando como Ministro da Reconstrução Paulo Pimenta.Bah!Pra ficar péssimo tem que melhorar muito!”; 2) o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece sendo criticado em relação à nomeação de Pimenta: “Lula rasgou a Constituição (com o aval de Barroso, que assistiu) e nomeou um governador postiço do RS. Congresso não fez nada, ninguém fez nada — nem o Paulo Pimenta, que admitiu não saber por onde começar. Civil salva civil. O povo pelo povo.”; 3) e o governador Eduardo Leite (PSDB) foi criticado: “SOBRA TEMPO EDUARDO LEITE ? NA MINHA opinião deve haver algo mais relevante para o governador Eduardo Leite fazer no RS que dar entrevista para o Roda Viva, mesmo com a equipe do programa, indo para Porto Alegre. DE TODO MODO, mais uma vez servirá para ficar claro que ele não reunia condições para ter sido eleito governador.”, após ser convidado para ser o entrevistado da vez no programa Roda Viva, da TV Cultura.

O nome desses três políticos está diretamente relacionado com o termo “reconstrucao” no grafo, o que indica o apelo dos indivíduos do Twitter em atribuir a problemática à resolução dos governos estaduais e federais. Diversos pares vocabulares presentes no cluster, como ‘reconstrucao-pimenta’, ‘reconstrucao-leite’ e ‘reconstrucao-presidente’, representam as instâncias citadas ao tema.

Grafo 05 Figura 01 

O cluster 05 apresenta uma narrativa de arrecadações para as vítimas das enchentes. Podemos observar que os léxicos “domingo”, “prol”, “campanha”, “sbt” e “amig” ganharam grande relevância nesse período. Os termos se referem a uma campanha realizada pelo SBT (Juntos pelo Rio Grande do Sul) neste domingo (19) que contou com a participação de diversos apresentadores. A iniciativa visa arrecadar doações para as vítimas das enchentes e se iniciou no programa Domingo Legal, a falta da apresentadora Eliana causou repercussão entre os usuários, destacamos: O SBT do Bem e o Grupo Silvio Santos abrem as portas para uma ação de solidariedade em prol das vítimas da tragédia climática no Rio Grande do Sul! Clique pra saber mais informações sbt.com.br/institucional/ #DomingoLegal e GRANDE DESFALQUE! Prestes a encerrar seu contrato com o SBT, Eliana não compareceu à campanha beneficente no #DomingoLegal. O “Juntos Pelo Rio Grande do Sul”, é promovida pelo Grupo Silvio Santos. A apresentadora foi convidada, mas não quis participar.”

Em outra esfera do grafo observamos os termos “acao”, “gremio”, “camisa” e “homenagem”. Que se referem a uma ação que os times do Grêmio e do Internacional estariam realizando para angariar fundos com para as vítimas das enchentes. A ideia seria o lançamento de camisa conjunta, com a cor roxa, simbolizando a união dos dois times e todos os patrocínios da camisa seriam usados para auxiliar as vítimas das enchentes, destacamos: “Grêmio e Internacional se unem para lançar camisa conjunta para angariar fundos a vítimas de enchentes no Sul #FutebolNaESPN e “União. Existe a possibilidade de Grêmio e internacional lançarem uma camisa na cor roxa resultado da fusão do azul com vermelho o projeto envolve marcas que estamparam as camisetas e a ideia é trazer recursos para ajudar o Rio Grande do Sul.”

Grafo 06 Figura 01 

O grafo 6 tem um foco na relação do termo “água” com seus pares indicando uma narrativa de águas baixas. Os pares “água-cidades” e “água-população” transitam entre postagens que informam que as águas estão baixando, as que demonstram preocupação com a destruição que começa a aparecer e as que questionam o que acontecerá com as cidades e as populações com as águas recuando. Os exemplos na sequência ajudam a ilustrar essa conversação: novos vídeos mostram destruição após enchentes: ‘Cenário de fim do mundo’Após o recuo da água, moradores gravam vídeos mostrando o rastro de destruição deixado pelos fortes temporais que caíram nas últimas semanas no Rio Grande do Sul. Imagens compartilhadas nas redes”; “Sequer temos condições de saber se estas áreas poderão voltar a ser local de moradia quando a água baixar”, diz Paulo Pimenta.Ministro Extraordinário para reconstrução do Rio Grande do Sul afirmou nesta sexta-feira (14) que principal desafio é drenar a água que formou

O termo “bomba” é presente em par com o vocábulo “água” em menções repercutindo o envio de bombas de sucção enviadas pelo governo de São Paulo para atuar no escoamento das águas. Observa-se neste tema uma disputa de narrativas entre o campo de apoiadores do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o governo federal, em uma busca de capitalizar positivamente a ação para suas respectivas gestões. Alguns exemplos desse contexto: Valeu @tarcisiogdf ‘Governo de São Paulo vai enviar 18 bombas de água para o Rio Grande do Sul. Os equipamentos são utilizados para acelerar o escoamento de água. Outros estados também ajudarão’ Globo News”; “TARCÍSIO MANDA AJUDA AO RS – O Governo do Estado de São Paulo, envia ao Rio Grande do Sul, 18 bombas para ajudar na drenagem da água que ainda permanece acumulada nas cidades afetadas pelas enchentes”; “SOS RS l Força Aérea transporta bombas de escoamento de água de SP para o RS. Governo Federal libera mais de 270 milhões para Governo do RS e municípios gaúchos. E mais: confira as mais recentes ações do governo federal para o Rio Grande do Sul”.

Outros pares de vocábulos identificados como “posto-enchente” e “alegre-enchente” se refletiram na continuidade de menções sobre a situação da cidade de Porto Alegre com menções de diversos temas de maneira mais equilibrada.

Grafo 07 Figura 01 

Já no grafo 07, uma narrativa de salvação às vítimas das enchentes é evidenciada pelos termos em destaque “salvar”, “vidas” e “atencao”. No entanto, “vidas” não se aplica apenas às pessoas e sim também aos animais que ficam ilhados: “Um latido fraco guiou nosso time, onde encontramos uma cadelinha em estado crítico. Sem hesitar, a resgatamos e a levamos imediatamente para a clínica veterinária, onde ela está internada”. Observamos que os pares vocabulares estão atrelados a diversas sub-narrativas que giram em torno da vida dos gaúchos afetados, como ‘vida-empregos’, ‘vida-residencias’ e ‘vida-dividas’.

Um teor emocional também foi notado com o aparecimento de vocábulos que adjetivam certos indivíduos, como “heroinas”, “coragem” e “herois”. Um momento que exemplifica o uso desse léxico foi o resgate de uma criança de 6 anos presa em um incêndio, no município de Farroupilha (RS): “Parabéns a esses heróis que colocaram suas próprias vidas em risco por esse ser indefeso.”; a homenagem feita por Luciano Hang, citada no grafo 01, aparece novamente associados aos termos em destaque do cluster: “Esquecidos pelo Desgoverno, mas não por Luciano Hang, que fez uma homenagem para os heróis que ajudaram nos resgates no RS.”.

Grafo 08 Figura 01 

O grafo 08 apresenta uma narrativa do arroz. Podemos observar pelos léxicos mais utilizados neste fim de semana que os termos “arroz”, “produtos” e “compre”, foram os que mais ganharam relevancia. Apontamos o termo “joao” se mostrando como um indicativo da marca de arroz gaúcho “Tio João”. Podemos analisar que entre os usuários houve uma grande mobilização a fim de incentivar doações e compras de produtos, principalmente arroz, gaúchos. Compre arroz Tio João! Esse é do Rio Grande do Sul! Por sinal o melhor arroz do Sul! 

Nos posts há menção à marcas e diversos produtos. Destacamos também a politização do tema com ofensas e defesa ao presidente Lula, como BOICOTE AO ARROZ IMPORTADO, POR PURA MALDADE, PELO MOLUSCO!! Veja e compre SÓ da lista das marcas de ARROZ que são produzidas no RIO GRANDE DO SUL: CAMIL, BLUE VILLE, PRATO FINO, TIO JOÃO, NAMORADO, PILECCO NOBRE, ALEGRETE, REI ARTHUR. e VAMOS SUBIR UMA TAG: Já que a extrema-direita passou o dia acusando o Presidente @LulaOficial de não disponibilizar arroz para o Rio Grande do Sul, o que é MENTIRA, peço que escrevam LULA É O MELHOR nos comentários da postagem! Saiu hoje também que, com @LulaOficial, o Brasil tem a sua menor taxa de desemprego em 10 anos. Dito isso, será que consigo 1000 comentários com LULA É O MELHOR? Ele merece! Eu começo: LULA É O MELHOR!”

Observamos que usuários pró-bolsonaro frequentemente utilizam os termos “arroz gringo” ou “arroz chinês”, como o deputado federal Nikolas Ferreira COMPRE ARROZ DO RIO GRANDE DO SUL: Camil, Prato Fino, Blue Ville, Urbano, namorado. Tio João, Rei Arthur. Não compre arroz chinês., além de outros usuários: Preciamos de selos no arroz gaúcho para fomentar nosso Rio Grande do Sul.  Não comprarei arroz gringo.”

Grafo 09 Figura 01 

Temos no grafo 9 uma narrativa de fake news identificada a partir de postagens que articulam os pares “fake-news” com léxicos para indicar a presença de notícias falsas e desinformação sobre crise climática no sul. Grande parte das postagens apontam o uso de fake news como um mecanismo do campo político da extrema direita para desacreditar as ações do governo federal, como no exemplo na sequência: Fake news viram arma política na tragédia climática do Rio Grande do Sul.Rede organizada de disparo de notícias falsas por influenciadores e parlamentares da extrema direita explora discurso “anti-Estado” de olho nas eleições, apontam especialistas”. O nome da atriz Regina Duarte, apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro, esteve frequentemente mencionado em conversações com os pares “fake-news” e “extrema-direita” por ter compartilhado uma informação já identificada como fake news. Foi muito comentado o fato da atriz ter a postagem indicada pelo Instagram como “notícia falsa”. Usuários do X (antigo twitter), inclusive atores de destaque como o jornalista Ricardo Noblat usaram a ação da atriz para reforçar o apontamento de uma associação do campo político ligado à extrema direita com a disseminação de fake news.

Alguns exemplos desta repercussão:

Mas a Regina Duarte resolveu fazer Coro às FAKE NEWS, JÁ DESMASCARADAS, de que o Brasil teria Recusado Doações de Portugal às Vítimas no Rio Grande do Sul? O que se poderia Esperar, Além de MENTIRAS, de uma COMPARSA do GOLPISTA INELEGÍVEL?”.

REDE DE ATORES 

Figura  02 –  Grafo de atores sobre a emergência climática no RS.

Após a análise das narrativas predominantes, procuramos investigar quem foram os principais atores sociais na conversação da plataforma nos dias 17, 18 e 19 de maio de 2024. Podemos observar na figura 02 (acima) a organização dos principais perfis que participaram das narrativas sobre o Rio Grande do Sul. Utilizando a métrica de likes apresentamos na tabela abaixo quais os perfis que obtiveram maior relevância na rede do Twitter/X.

Tabela com os perfis mais curtidos dos dias 17-19/05/2024

RankingPerfilsNº de LikesTipificação
1karinamichelin26574influencer
2NikolasApoio26453perfil institucional / deputado federal
3juliovschneider24530perfil pessoal
4jornalrazao23160veículo de notícias
5choquei21483perfil de infoentretenimento
6brasil_alem21046perfil de infoentretenimento
7brasil24718398veículo de notícias
8mspbra18372perfil de infoentretenimento
9Anneternura17459perfil pessoal
10flaviogarag17236perfil pessoal

Em primeiro lugar, observamos o perfil de uma jornalista independente de direita, que realizou uma live intitulada “Tudo O Que A Grande Mídia Não Te Conta” no fim de semana e que gerou repercussão e ganhou relevância entre os usuários. Em segundo lugar, o deputado Nikolas Ferreira incentivando a compra de arroz gaúcho que mencionamos presente no cluster 08: COMPRE ARROZ DO RIO GRANDE DO SUL: Camil, Prato Fino, Blue Ville, Urbano, namorado Tio João, Rei Arthur.Não compre arroz chinês.Já o terceiro perfil, é de um usuário de direita que fez diversos posts em crítica ao governo federal e ao presidente Lula, o teor dos compartilhamentos são que as vítimas só teriam o povo para contar devido a falta de auxílio do governamental. No quarto lugar, o veículo de notícia regional Jornal Razão ganhou destaque pelos post informativos atualizando a população sobre a situação na em Porto Alegre e Santa Catarina.

Em quinto lugar o perfil da Choquei, teve destaque pelos posts de entretenimento sobre celebridades e atualizações emocionais sobre a situação das vítimas e animais na região. Em sexto, brasil_alem, comenta a situação do RS e faz críticas ao governo Lula. No sétimo, o veículo de notícias brasil247 apresenta posts com notícias sobre a situação do RS. E em oitavo, mspbra, o perfil se apresenta como de infoentretenimento republicando cortes de notícias e informações sobre o RS e de ataque ao governo federal. No nono e décimo são perfis pessoais que fazem defesa de integrantes da família bolsonaro, o perfil “Anneternura” apresenta características de um bot. Destacamos como exemplo “Vocês do MBL são muito desonestos, cara! Pqp! Eduardo Bolsonaro destinou mais de 2 MILHÕES de reais em emendas para o Rio Grande do Sul!” 

Por Ademilton Gomes Júnior, Laura H Valentim e Newton Assis

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