Mais evidências: a música está mais viva do que nunca

11 de abril de 2011

por Labic


Enrique Dans*
(Tradução: Paula Falcão)**

Outra análise de outro economista incide na mesma linha que a anterior: desta vez é Joel Waldfogel, economista norteamericano que ocupa a cadeira Frederick R. Kappel de Economia Aplicada na Carlson School (Universidade de Minnesota), que afirma categoricamente que os downloads não prejudicaram a criação de novas músicas como as gravadoras e as sociedades de direitos de autor querem nos fazer acreditar. Na verdade, tudo indica que o estado atual da criação de música está melhor do que nunca.
Em um interessantíssimo artigo, Joel Waldfogel compara a criação de música na época anterior ao Napster e após o lançamento da iTunes Music Store, e conclui que, devido à significativa redução das barreiras de entrada nas fases de criação, promoção e distribuição, e à possibilidade de vivenciar a música de maneira simples, o modelo atual da produção de música é melhor agora do que antes.
Se unirmos essas conclusões às de outros estudos que afirmam que os artistas vivem melhor agora do que antes, a coisa se torna mais clara: o que perde valor não é a música, nem os criadores, mas sim os intermediários incapazes de agregar valor em uma era na qual o valor de uma cópia é igual a zero. São esses que os políticos tentam proteger com leis absurdas e contra a natureza, com taxas ilegais, com prevaricação, ditando conscientemente leis manifestamente injustas. As evidências são cada vez maiores: de economista a economista, de estudo a estudo, de conclusão a conclusão.
Criticar estudos rigorosos porque simplesmente “não lhe soam bem” ou não coincidem com sua distorcida visão do mundo é tão trivial e absurdo como querer que a tecnologia se detenha porque não interessa a um bando de trogloditas. Potencializar a existência de um monopólio para supostamente potencializar a criação musical quando existem evidências quantitativas de que essa relação não existe e quando a Comissão Nacional da Concorrência assim o afirma em um informe que permanece acumulando poeira em alguma gaveta é nem mais nem menos que isso, uma evidente prevaricação: favorecer essa indústria acima de tudo, ignorando-se inclusive as regras do jogo democrático, a qualquer preço. As mentiras da indústria já não se sustentam mais.

* Enrique Dans é professor de Sistemas de Informação na IE Business School desde 1990. É Doutor (PhD) em Management, com especialidade em Sistemas de Informação pela Universidade da Califórnia (UCLA); MBA pela IE Business School; graduado em Ciências Biológicas pela Universidade de Santiago de Compostela; cursou estudos pós-doutorados na Harvard Business School.
Seus interesses de pesquisa centram-se nos efeitos das novas tecnologias nas pessoas e empresas. É colaborador em diversos jornais e revistas como El País, El Mundo, Público, ABC, Expansión e Cinco Dias, em temas relacionados à Internet e às novas tecnologias. Seu blog está ativo há mais de seis anos e é um dos mais populares do mundo em língua espanhola.
** O texto original foi extraído do blog de Dans

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