As comunidades mais ativas no movimento #primeiroassedio nas redes sociais

8 de novembro de 2015

por Bianca Gonçalves


Publicado originalmente por O Globo
Texto:  Fábio Vasconcelos

 

Grafo

 

A reação ao assédio de crianças que participavam do MasterChef Brasil produziu efeitos, principalmente, nas redes sociais. Tem sido assim. As redes aproximam pessoas, afastam outras, dão maior dinamismo às manifestações, incentivam reações dos seus usuários e, por vezes, transbordam do mundo virtual, como foi o caso da hashtag #Agoraquesaoelas. (O GLOBO traz hoje uma entrevista com as responsáveis por esse movimento)

Laboratório de Estudos Sobre Imagem e Cibercutura (Labic), da Universidade Federal do Espírito Santo, vem há alguns anos acompanhando esses fenômenos da rede. Este foi o último trabalho produzido pela turma do Labic. Trata-se da manifestação #primeiroassedio, que se seguiu no Facebook, Twitter e outras redes. Após o caso MasterChefe, a rede iniciou um processo coletivo de expor o quanto o assédio a mulheres, principalmente menores de idade, era mais comum do que se imagina.

O Labic coletou mais de 88 mil twites após o dia 27 de outubro, quando @ThinkOlga começou a disseminar a hashtag primeiroassedio. Foi incluída também na coleta a hashtag primeiroabuso, totalizando, assim, mais de 35 mil usários. Os resultados são interessantes. Cada ponto no grafo acima representa o usuário de uma conta do Twitter, que se conecta a outros usuários que retuítaram a mensagem.

As cores dos grafos são a identificação das comunidades, ou seja, grupos com ação mais intensa entre seus usuários. Mas as cores ajudam também a visualizar as diversas conexões entre as comunidades, e como elas se associaram no apoio ao movimento #primeiroassedio.  Os pesquisadores do Labic identificam também a participação de homens, na comunidade em cor verde, no alto do grafo, que entraram na rede para criticar o movimento ou fazer declarações machistas.

Grafo

 

O Labic analisou as três comunidades mais ativas no movimento #primeiroassedio. A comunidade com as cores laranja, roxa e vermelha foram as mais empenhadas no compartilhamento de mensagens. No grupo laranja, segundo o estudo, “a rede caracteriza-se pela presença de muitos perfis feministas ativistas e formadores de opinião. Nela são compartilhadas experiências vividas estabelecendo uma relação de cumplicidade no cluster”.

A rede vermelha foi liderada por @ThinkOlga, idealizadora da campanha e de portais de notícia como El País, Brasil Post, Carta Capital e BBC Brasil, que passaram a divulgar a reação das mulheres a partir do uso do #primeiroassedio. Este foi caso de como uma reação nas redes sociais acabou se disseminando para os meios  tradicionais de comunicação, dando outra dimensão à denúncia de assédio contra mulheres no Brasil. Já na rede roxa, os pesquisadores encontraram mais mensagens de amparo e encorajamento entre as mulheres que compartilhavam a hastag primeiroassedio. “Os perfis acompanham os depoimentos e se familiarizam, além de criticar o posicionamento de homens que ridicularizam a campanha”, diz Luísa Perdigão, estudante da Federal do Espírito Santo e pesquisadora do Labic responsável pela analise dos dados.

Grafo

 

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