Breve definição de crowdsourcing.
16 de março de 2011
por Labic
Minha primeira contribuição para o blog do nosso laboratório será sobre um tema consideravelmente “fresco” e que – assim como quase tudo relacionado às novas mídias – levanta muitos questionamentos relacionados ao futuro da comunicação, do mercado de trabalho e, obviamente, das conseqüentes mudanças de comportamento da sociedade em função dessas novas práticas.
Farei aqui uma pequena introdução ao crowdsourcing, termo que foi utilizado pela primeira vez em 2006 em um artigo do jornalista e escritor estadunidense Jeff Howe para a revista Wired. Neste texto, Howe relata um case que demonstra com clareza as possíveis e grandes mudanças mercadológicas que ocorrem quando se utiliza o ambiente colaborativo da rede para buscar uma solução prática – e mais barata – para um problema. Na situação, uma pessoa necessitava de uma fotografia para aplicá-la em um material gráfico, mas possuía, como em grande parte dos casos, verba restrita para contratar um fotógrafo profissional. Através de um espaço colaborativo chamado iStockPhoto, a pessoa fez o pedido da foto e encontrou várias opções de trabalhos realizados por usuários que não eram necessariamente fotógrafos profissionais, mas que o preço e a qualidade do serviço atendiam perfeitamente às necessidades momentâneas. E foi feito. No vídeo abaixo, retirado do site de Howe, ele mesmo fala alguns minutos sobre as definições e vantagens do crowdsourcing.
Podemos arriscar uma tradução básica do termo: crowd = multidão | source = fonte; para percebermos que o conceito é realmente buscar, através das facilidades de aproximação e garimpagem proporcionadas pela rede, ideias inovadoras que possam ser aproveitadas por muitos, sem barreiras físicas. Como citado em seu artigo, nas próprias palavras Howe: “It’s not outsourcing; it’s crowdsourcing.” Nosso conhecido termo “terceirizar” começou a se transformar, tomar novos rumos e, a partir de agora, a fazer parte do ambiente em rede.
Outro forma bem prática de exemplificar bem o crowdsourcing é através da Wikipedia, nossa já conhecida enciclopédia online, onde todos tem a liberdade de escrever novos textos e editar outros já produzidos sobre qualquer assunto. Pessoas de qualquer parte do mundo que tenham acesso à rede podem participar de maneira voluntária, colaborando para o enriquecimento do conteúdo disponibilizado.
Convertendo essa lógica colaborativa em direção ao branding e à publicidade, posso citar um case recente e fantástico da montadora Fiat: o projeto do Fiat Mio. Para entender melhor: Em agosto de 2009 a Fiat se propôs a ouvir a população e receber ideias para a construção de um carro para o futuro, levando em consideração meio ambiente, sustentabilidade e outros temas cabíveis à nossa época. Os consumidores e interessados deveriam criar um perfil em uma rede social desenvolvida pela Fiat especialmente para o projeto onde seriam, de lá, enviadas todas as dicas para a construção do novo carro. No lançamento da campanha, a montadora se comprometeu a ouvir todas as sugestões, analisá-las e, ao final do processo, montar um protótipo para, enfim, materializar todo o debate acerca da nova maravilha automobilística. Foram mais de 10 mil sugestões enviadas e 17 mil participantes cadastrados no site de relacionamentos do projeto. O resultado final foi – conforme combinado – materializado e exposto no Salão do Automóvel de São Paulo entre outubro e novembro de 2010. Vale muito a pena conferir no página do projeto todo o processo e assistir aos vídeos produzidos durante a execução.
É importante percebermos que, através de casos como esse, haverá – e já está havendo – uma significativa mudança na forma de se pensar e fazer publicidade. Por meio das redes sociais e de outras plataformas online, as marcas, a partir de agora, se tornarão parte do cotidiano das pessoas, mas de maneira mais “amistosa”, íntima. Surge um diálogo forte entre consumidor e marca, o que não é perceptível quando pensamos na publicidade tradicional, com sua forma unilateral de comunicar, onde somente a empresa fala e o a população acata. Hoje você pode reclamar, questionar e cobrar das empresas em um espaço onde outras pessoas que estão conectadas a você na rede possam ver que a marca não está agradando, dando maior poder de escolha e negociação aos consumidores. E viva à democratização!
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