Tragédia climática: epidemia de leptospirose, críticas a Leite e compra de arroz no RS dominam conversação no Twitter/X

27 de maio de 2024

por Laura Valentim


Figura  01 –  Grafo de de grupos de palavras sobre a emergência climática no RS a partir de 5.600 posts publicados no X (ex-Twitter)

Agora com periodicidade semanal, o 11º Diagnóstico de Detecção de Narrativas Climáticas no Twitter/X registrou as publicações feitas por usuários da plataforma entre o dia 20 ao dia 26 de março que tinham como foco a discussão sobre as enchentes no estado do Rio Grande do Sul (RS).

Entre os assuntos mais comentados, podemos observar que o aumento nos níveis das águas no RS, a falta de bombas de drenagem, a epidemia de leptospirose e as ações de Eduardo Leite tomaram enfoque, assim como a questão da possível falta de arroz a nível nacional. Por outro lado, o jogo beneficente das celebridades em prol do RS também se destacou nos grupos obtidos.

Empregando os termos ‘Rio Grande do Sul’ e ‘RS’ para obtermos a amostra a partir do auxílio do software Ford-Labic, a coleta dos três dias resultou em 24.188 tweets, 7.505.902 curtidas e 1.539.056 retweets ao final da raspagem dos comentários coletados. Finalizada a coleta, os métodos de clusterização foram aplicados para identificarmos quais foram as narrativas mais discutidas durante a semana listada.

Foram observados nove grupos distintos que reuniram um panorama léxico sobre as narrativas climáticas: o primeiro grupo retoma a falar sobre a calamidade pública e as vítimas das enchentes; o segundo trata sobre as ações de reconstrução do RS; já o terceiro aborda a questão da compra de arroz pelo estado; no quarto grupo, críticas em relação a Eduardo Leite (PSDB) retornam à conversação; sobre o quinto, as notícias sobre a epidemia de leptospirose que assola as vítimas das chuvas ganha foco; o sexto grupo fala sobre uma radicalização política; o sétimo retoma uma narrativa futebolística; o oitavo ilustra a discussão sobre fake news; e por fim, o nono grupo aborda sobre a isenção da taxa de inscrição no Enem para estudantes moradores do RS. 

Para melhor visualização das conversações específicas em cada cluster, foi realizado o processo de reclusterização, ou seja, segmentação dos grupos em sub narrativas. Confira abaixo as análises dos nove maiores clusters do grafo de termos.

Grafo 01 Figura 01 

No grafo 01 percebemos que a narrativa sobre calamidade referente às enchentes no Rio Grande do Sul ainda permanece em destaque no decorrer dos dias. Os pares vocabulares, como ‘chuvas-fortes’, ‘porto-prefeitura’, ‘agua-bombas’ e ‘defesa-alerta’, indicam sentidos diversos sobre a situação das vítimas. A instalação de poucas bombas de drenagem de água pelo Governo Federal foi um dos temas discutidos: “Nesse momento, chove muito de novo no RS! CENÁRIO DE CAOS!Áreas alagando, diques extravasando, bombas parando, lixo acumulado, água voltando por bueiros…Muito triste…Não esqueçam do RS! Sigam ajudando!”.

Mais um exemplo de ocorrido presente no léxico supracitado foi o rompimento da barragem no município de Capela de Santana (RS), na noite da última segunda-feira (20). Os comentários acerca do fato reforçam o sentimento de preocupação com a situação do estado: “Jesus do Céu! Que terror estão vivendo as pessoas no RS. Em Capela de Santana, acaba de estourar uma barragem. A água está invadindo a cidade. Deus, guarde o seus filhos.”. Pelo grande volume de comentários que citam os termos ‘capela’ ou ‘santana’ verifica-se o tom informativo que os perfis tomaram nos últimos dias.

Grafo 02 Figura 01 

No grafo 02 é possível perceber a narrativa de solidariedade com as vítimas das enchentes no RS. O grupo reúne diversos conjuntos lexicais que citam de alguma forma a tragédia climática no RS, porém duas sub narrativas tiveram mais enfoque que as demais. A primeira refere-se aos esforços governamentais para reconstrução do estado, como as movimentações feitas pelo Presidente Lula (PT), sempre com um tom informativo: “Sob determinação do presidente @LulaOficial, estamos levando toda a ajuda necessária para a reconstrução dos nossos municípios. Realizo neste momento reunião com os prefeitos da quarta colônia do RS. Estamos atendendo os municípios: Agudo, Dona Francisca, Faxinal do Soturno,… Um encontro de reconstrução aqui na câmara de vereadores de Faxinal do Soturno”; já a outra maior parte dos comentários foca em viabilizar doações, a partir de uma perspectiva assistencialista, na qual é exemplificada por informações sobre desvio de doações que seriam compartilhadas entre as vítimas: “ATENÇÃO, mais desvios de doações – Após realizar operação, GAECO do @mp_rs investiga desvio de doações em ONG de Cachoeirinha para fins políticos”.

Os pares vocabulares colocam os termos “rio” e “rs” e os colocam no centro de todo o cluster, sendo conectados com conjuntos lexicais que fazem referência às enchentes, à tragédia, às chuvas e às vítimas. Mas também retomam a narrativa sobre reconstrução, como nos pares ‘rio-reconstrucao’, ‘rs-reconstrucao’ e ‘rs-federal’, a última ao adicionar as ações do Governo Federal à equação do problema.

Grafo 03 Figura 01 

O grafo 3 construiu uma narrativa compre arroz do Rio Grande do Sul, em uma resposta às ações do governo para evitar uma possível crise de abastecimento do produto. As combinações entre os pares ”arroz-produto” foi recorrente em conversações sobre o tema crise de abastecimento. A guerra narrativa se deu no embate entre dois argumentos, um deles mais ligado a órgãos oficiais do governo e da imprensa hegemônica apontando riscos de desabastecimento e aumento de preços: “Governo @LulaOficial zera tarifa de importação de arroz para garantir abastecimento. Medida pretende reduzir as consequências econômicas (e sociais) dos eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul”. Já o outro, partindo majoritariamente do campo de oposição ao atual governo acusam de falacioso o argumento sobre uma crise envolvendo a produção de arroz. Um exemplo é a postagem de @iaragb, que se descreve como “PTfóbica Paulistana”:  “As entidades representativas do setor orizícola do Rio Grande do Sul, Estado responsável por mais de 70% da produção de arroz do Brasil, por meio de seus representantes, vêm a público haja vista a situação de calamidade pública que assola os gaúchos, em decorrência da enchentes que atingiram inúmeros municípios do Estado, informar, de plano, pelas razões abaixo, que inexiste risco de desabastecimento de arroz ao mercado consumidor”. Ainda neste campo crítico a afirmação sobre crise de abastecimento aparecem várias menções que abordam o tema de maneira conspiracionista com apontamentos como “Existe uma guerra silenciosa contra o AGRO Brasileiro” e “Vai vendo…Por que “controlar o povo” é tão importante para os comunistas?Muito estranho, essa tragédia no Rio Grande do Sul que destruiu o maior produtor de ARROZ do Brasil??. A postura mais combativa adotada pelos atores que questionam a tese do desabastecimento aparece na recorrência dos pares”arroz-compra” e seus léxicos, incentivando uma campanha pela compra de arroz a produtos produzidos no Rio Grande do Sul: “Vamos dar preferência ao arroz brasileiro, de preferência de empresas do Rio Grande do Sul. Nada de bandeirinha comunista no arroz”.    

Outros temas recorrentes, mas com menos intensidade, foi indicado pelo vocábulo “rifa”, gerado a partir de uma grande quantidade de campanhas com origem em autores diversos,  promovendo ou divulgando rifas para arrecadar recursos indicando que o objetivo seria ajudar os atingidos pelas enchentes no Sul. 

Outra menção recorrente foi a que envolve o vocábulo “bilhões” em diversos temas, mas com menção recorrente às ações do governo federal, questionando os valores anunciados  como ajuda para o Rio Grande do Sul. As críticas sempre indicam uma tentativa de inflar os valores para gerar uma percepção de maior robustez na ajuda governamental: “Lula e seu Governo MENTEM ao dizer que destinaram R$62 bilhões para enfrentar a crise no Rio Grande do Sul. Veja, do investimento anunciado apenas R$ 7,7 bilhões serão desembolso do Governo Federal. O restante trata-se de: 1) adiantamento de benefícios como Bolsa Família e Restituição do IR; e 2) estimativas de quanto pode ser emprestado por bancos em linhas de crédito. Enquanto anunciam valores BILIONÁRIOS a verdade é outra. O dinheiro que estão fingindo estar investindo no RS é, na verdade, dinheiro que já é do povo sendo adiantado”.   

Grafo 04 Figura 01 

Já no grafo 04, uma narrativa sobre Eduardo Leite (PSDB), que acumula tanto comentários negativos e críticas ao governador do RS quanto repercussões sobre as ações do político na última semana, foi identificada nos conjuntos lexicais. A entrevista dado por Leite ao programa Roda Viva, da TV Cultura no dia 20/05, foi um dos assuntos discutidos: “o eduardo leite deu uma entrevista de 4h pra folha e hoje ainda vai meter um roda viva pqp o cara inventando qualquer coisa pra não trabalhar no meio da maior crise da historia do RS”. Os pares vocabulares ‘governador-entrevista’, ‘leite- entrevista’ e ‘eduardo-entrevista’ reiteram a presença dessa sub narrativa no cluster em destaque.

No entanto, certos comentários sobre o cenário ambiental do país vão além da discussão sobre a atuação do governador: “A gente deve apontar a responsabilidade de Melo e Leite na tragédia das enchentes em Porto Alegre e no RS, mas não podemos ficar só neles. Precisamos lembrar de Nelson Marchezan, de Sartori e de gente que veio antes e contribuiu ativamente para o abandono ambiental no RS.”; já outros utilizam Leite como exemplo para que a população eleja políticos com propostas para o Meio Ambiente: “ABSURDO! Que outras agendas são essas? O governador do RS desprezou a preservação do ambiente, alterou a legislação ambiental e permitiu exploração em APPs. Ainda tem coragem de dar essa declaração na Folha de SP. Precisamos de políticos comprometidos com a agenda ambiental!”.

Grafo 05 Figura 01 

No grafo 05, a narrativa da epidemia de casos de leptospirose vivenciados pelos moradores do RS ganha destaque, assim como os tweets que noticiam sobre os casos de animais resgatados das enchentes. Os pares vocabulares do cluster revelam as conexões lexicais mais presentes ‘saude-casos’, ‘animais-aviao’, ‘leptospirose-doenca’ e ‘leptospirose-suspeitos’. Os comentários sobre a disseminação da leptospirose se deram em oposição às ações governamentais: “O povo morrendo de leptospirose aqui no RS, médicos buscando adoidado vacina contra a Hepatite A (e não conseguem), e a sociologa do Ministério da Saúde focada nessa aqui que é “super rentável”. Dificil!!!”; já as sub narrativas sobre os animais são menos focalizadas, como o aparecimento de animais silvestres nas áreas urbanas: “Jacaré, piranhas e cobras: animais que foram encontrados durante enchente no RS” e a preocupação sobre pets que estão em abrigos: “Muitos animais estão lotando os abrigos no RS, mas poucos donos estão indo buscá-los.”.

Através de veículos jornalísticos e em tom informativo, a confirmação da primeira morte por leptospirose no município de Travesseiro (RS), segundo a Secretaria Municipal de Saúde, teve também relevância nos sentidos desta conversação. “MORTE POR LEPTOSPIROSE NO RS | Prefeitura de Travesseiro, no Vale do Taquari, informa uma morte por causa de leptospirose e Secretaria Estadual da Saúde investiga.”.

Grafo 06 Figura 01 

 O grafo 6 tem uma narrativa de temas diversos. Um termo que contribui significativamente para isso é o vocábulo “cara”, aparecendo de maneiras variadas nas conversações, às vezes como um tipo de gíria para se referir a algum indivíduo, em outro momentos indicando uma conexão com as variações do verbo “escancarar”, sempre em tom sensacionalista de denúncia. Este aspecto de denúncia se dividiu entre postagens críticas tanto ao campo político que se posiciona favorável ao governo federal quanto os críticos a ele: “COMBATER A DESINFORMAÇÃO, DESMASCARAR OS FASCISTAS! A tragédia no Rio Grande do Sul tem sido tratada como turismo de autopromoção pela extrema direita”; “Fake News do Desgoverno?O governo Lula foi desmascarado pela BBC News por distorcer os valores destinados à recuperação do Rio Grande do Sul. O montante de dezenas de bilhões de reais, amplamente divulgado, fez a população acreditar que se tratava de desembolsos.

Os pares “rede-globo” também se sobressaíram, sempre relacionados a cobertura que a Rede Globo tem realizado sobre a crise no Rio Grande do Sul. Em sua maioria, as menções ao veículo de comunicação estão relacionados ao que tem sido chamado de “PL da Globo”, um projeto sobre regulamentação de streamings no Brasil, sempre indicando um possível favorecimento da empresa caso o projeto de lei seja aprovado: “É INACREDITÁVEL que queiram pautar de novo o PL da GLOBO!O Rio Grande do Sul foi destruído e sua reconstrução precisará do apoio de todo o país! Mas a prioridade do Congresso é aprovar benefícios para a REDE GLOBO? #PLdaGloboNao”. Houve também algum destaque para conteúdos na programação da emissora que abordaram a situação no Rio Grande do Sul, entre eles o jogo de futebol entre artistas e jogadores profissionais com objetivo de arrecadar doações para ajudar os afetados pela enchente. Em sua maioria, as menções foram com tom de divulgação e elogiosas: “Futebol Solidário da Globo contará com 18 atletas ex-Flamengo Maracanã recebe o Futebol Solidário, amistoso beneficiente para arrecadar fundos para as famílias afetadas pelas tragédias no Rio Grande do Sul”: “Eu não sabia que eu precisava assistir futebol com celebridades até assistir esse jogão. Golaço da Globo em prol da união e da esperança pelo Rio Grande do Sul.#FutebolSolidário #Domingão

Um tema que causou muita conversação foi a repercussão da fala do ex jogador de futebol e apresentador Neto, por ter feitos críticas ao clube de futebol Guarani por anunciar que receberia o ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo Tarcisio de Freitas em um evento para arrecadar doações no estádio do clube. Esta repercussão foi indicada pela correlação recorrente entres os termos “guarani-neto-tarcisio”. As postagens foram predominantemente de ataques ao ex-jogador, sempre apontando a atitude dele como contra a ajuda ao Rio Grande do Sul: “AJUDA HUMANITÁRIA NÃO SE BOICOTA  Neto pede boicote à ajuda humanitária ao Rio Grande do Sul apenas porque o evento contará com a presença de Bolsonaro e Tarcísio. Ele ameaça o Guarani: ‘se fizer, pode me esquecer’.  Eu proponho um boicote a todos os programas que tenham a participação de Neto.: “Esse tal de Crack Neto, com ajuda do Felipe Neto, pede o BOICOTE à ajuda humanitária com destino ao Rio Grande do Sul, só porque o evento contará com a presença do Governador Tarcísio e do Presidente Jair Bolsonaro

Grafo 07 Figura 01 

O grafo 07 representa rememora a narrativa futebolística que havia sido estruturada nos dias anteriores. A campanha conjunta dos times Grêmio e Sport Club Internacional, o Inter, dominaram parte da conversação no Twitter/X. Com o tom emocional, os perfis focaram em discutir como os times de futebol tem poder para ajudar diversas famílias afetadas e mudar o cenário de destruição no RS; o que é exemplificado pelos pares vocabulares ‘futebol-solidario’, ‘futebol-incentivar’ e ‘jogo-iniciativa’.

Outro exemplo de comentário comum no cluster foi sobre o Jogo Solidário em prol do RS com diversas celebridades e nomes do Futebol Brasileiro neste domingo (26). “FIM DE JOGO!União 5 x 5 Esperança – Futebol Solidário no DomingãoGols: Ludmilla, Adriano Imperador, Diego Ribas e Ronaldinho Gaúcho (2x); Nenê, D’Alessandro, Cafu, MC Poze do Rodo e AmaralVenceu a festa, venceu o entretenimento e você pode ajudar o RS a vencer; o destaque dos conjuntos lexicais voltaram-se para figura de Ronaldinho Gaúcho, que se emocionou com o momento de solidariedade: “Ronaldinho Gaúcho comemora Futebol Solidário em prol do RS: ” É um dia muito marcante”.

Grafo 08 Figura 01 

O presente cluster refere-se a uma narrativa sobre fake news, destacando a proliferação de desinformação relacionada à crise no Rio Grande do Sul. Observamos a presença de um jargão típico de noticiários, acentuado pelos pares de palavras mais relevantes durante a última semana, como: “news”-“fake”, “confira”-“de”, “acordo”-”agu”. O evento que mais repercutiu e caracteriza o cluster analisado foi o acordo do governo federal, mediado pela Advocacia Geral da União (AGU), com as big techs (Instagram, Facebook, TikTok e X/Twitter) para a redução de fake news sobre a crise nas plataformas.

Este acordo foi estabelecido com o objetivo de promover a disseminação de informações íntegras, confiáveis e de qualidade sobre a situação enfrentada pelas diversas cidades do Rio Grande do Sul. Observamos comentários de usuários contra e a favor das medidas. “A imprensa notícia que o comissário “Bessias”, da AGU, firmou acordo com Big Techs para combater “fake news” sobre o desastre no RS nas redes sociais. Lembrando que o comissário considerou “fake news criminosa” os seguintes posts: 1- Comentário sobre governo ter sido ineficiente.  2- Comentários sobre a notícia dada por prefeito sobre mortes numa UTI. 3- Repost de uma matéria da Folha, com cobranças sobre demora no envio da Força  Nacional, feito por um deputado. 4- Denúncias sobre caminhões sendo parados, que foram reconhecidas pelo próprio órgão do governo como verdadeiras, e que produziram uma portaria com mudança de regras. Obviamente, não se trata de combate à desinformação, mas sim CENSURA contra críticos ao governo, como acontece em qualquer das ditaduras que os petistas e seus aliados tratam como exemplo de “democracia”. O Brasil não é mais um país livre.” / “Governo Lula e plataformas digitais ACABARAM de selar um ACORDO para combater as fake news sobre a tragédia do Rio Grande do Sul.  UM GRANDE GOL DE PLACA”

Além disso o serviço de streaming da Jovem Pan – Panflix – participou de modo ativo e foi o veículo que mais teve relevancia no cluster, noticiando diversas informações sobre o RS. 

Os estragos causados pela maior enchente da história do Rio Grande do Sul seguem sendo traduzidos em números avassaladores; mais de dois milhões de pessoas foram afetadas pela tragédia. Confira na JP News e Panflix

Grafo 09 Figura 01 

No grafo 9 os assuntos enem, enem dos concursos e Força Nacional do SUS se destacam a partir do termo “nacional”, em uma predominância de narrativas sobre concursos. Percebe-se uma repercussão sobre uma dupla divulgação pelo Ministério da Educação, das datas de inscrição para o enem e a isenção do pagamento da taxa de inscrição para moradores do Rio Grande do Sul. Esses assuntos se agrupam a partir dos pares “nacional-enem”, e na maioria das postagens tem um tom informativo. Verificou-se também que o assunto foi utilizado por apoiadores do presidente Lula para evidenciar positivamente a atuação do governo federal : “FAZ O L: Governo Lula anuncia a isenção da taxa de inscrição do ENEM 2024 para TODOS os estudantes do Rio Grande do Sul.#LulaTudoPeloBrasil”

A nova data estabelecida para o concurso unificado, chamado de “enem dos concursos” também repercutiu, mas de maneira noticiosa, sem gerar uma conversação com repercussões com debates: “ATENÇÃO CONCURSEIROS! Definida a nova data para o Concurso Nacional Unificado: 18 de agosto. No caso do Rio Grande do Sul, haverá uma organização especial para garantir o acesso das pessoas inscritas no estado”   

Outro tema desencadeado a partir do vocábulo “nacional” foi a atuação da Força Nacional do SUS, com menções sobretudo positivas replicadas, em grande parte, a partir de atores relacionados a canais oficiais ligados ao governo federal, como @aniellefranco: Em 13 dias, a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) ultrapassou 2,8 mil atendimentos no Rio Grande do Sul. O hospital de campanha (HCamp) de Canoas registra 1,7 mil atendimentos, enquanto a unidade de Porto Alegre contabiliza 257. O governo federal trabalha incansavelmente para apoiar a população gaúcha e reconstruir o estado. É o Brasil unido pelo Rio Grande do Sul”.

No embate mais político se destacou, também a partir do termo “nacional” a repercussão de reportagem do Jornal nacional sobre recursos do governo federal enviados para o Rio Grande do Sul há dez anos para obras de prevenção de enchentes, mas que nunca chegaram a ser realizadas. Este tema foi muito repercutido por apoiadores do governo federal e com críticas ao governador Eduardo Leite: “Jornal Nacional escancarando a incompetência e descaso do governo do Rio Grande do Sul com a prevenção de enchentes. Eduardo Leite deve ter trocado de canal”; 

REDE DE ATORES 

Figura  02 –  Grafo de atores sobre a emergência climática no RS.

Após a análise das narrativas predominantes, procuramos investigar quem foram os principais atores sociais na conversação da plataforma nos dias 20, 21, 22, 23, 24, 25 e 26 de maio de 2024. Podemos observar na figura 02 (acima) a organização dos principais perfis que participaram das narrativas sobre o Rio Grande do Sul. 

Utilizando a métrica de likes apresentamos na tabela abaixo quais os perfis que obtiveram maior relevância na rede do Twitter/X.

Tabela com os perfis mais curtidos entre os dias 20-26/05/2024

RankingPerfilsNº de LikesTipificação
1jairbolsonaro111131perfil institucional
2JoaquinTeixeira88534perfil de humor
3Jakelyneloiola_83065perfil pessoal
4NewsLiberdade75180veículo de notícias
5lazarorosa2570269perfil pessoal
6TumultoBR63471perfil de entretenimento
7jornalrazao62065veículo jornalístico
8revistaoeste57920veículo jornalístico
9Pimenta13Br55470perfil institucional
10karinamichelin52608influencer

O primeiro perfil do ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, possui grande influencia e se mostrou entre os mais relevantes da última semana analisada. A grande quantidade de engajamento reflete seu contínuo impacto e capacidade de mobilização nas redes sociais, que Bolsonaro detém, os temas abordados sobre o RS foram diversos contando também com críticas ao governo Lula. – Paulo Pimenta, na Venezuela, homenageia Maduro, Ortega, Chaves, Evo Morales… – Esse é o escolhido por Lula como “interventor” no Rio Grande do Sul.” 

O segundo perfil é uma página de humor, Joaquim Teixeira, cujas postagens sobre o Rio Grande do Sul estão majoritariamente relacionadas às mobilizações de times de futebol. O terceiro é um perfil pessoal de uma usuária que faz comentários predominantemente emotivos e críticas ao governo do RS e ao governo federal. O quarto perfil é um veículo de notícias bolsonarista que dissemina informações a favor da família Bolsonaro. Já o quinto é um perfil pessoal de um usuário que principalmente faz postagens em apoio ao governo Lula e à gestão no Rio Grande do Sul.

O sexto perfil é de entretenimento e publica posts de apoio a Jair Bolsonaro e de humor em geral. O sétimo, Jornal Razão, é um veículo jornalístico regional que atualiza sobre notícias de Santa Catarina. O oitavo também é um veículo jornalístico que publica sobre a tragédia no RS e notícias gerais do Brasil. O nono é o perfil de Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação e atual ministro extraordinário para apoio à reconstrução do Rio Grande do Sul, que posta atualizações sobre as atividades governamentais. “Solidariedade em ação! O Brasil se mobiliza em apoio ao Rio Grande do Sul. O Governo Federal, em colaboração com a FAB, estabeleceu a Base Aérea de Canoas como aeroporto emergencial para auxiliar a população. Juntos, estamos mostrando o verdadeiro significado de união e reconstrução. Saiba mais em http://gov.br/unidospelors #BrasilSolidário #UnidosPeloRS #Reconstrução

Em décimo a influencer Karina que fez postagens sobre lives que realiza no youtube com críticas à veículos de mídia e o governo Lula, intitulada “Tudo O Que A Grande Mídia Não Te Conta”.

Por Ademilton Gomes Júnior, Laura H. Valentim e Newton Assis

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